DIA 2: COL DE LA CROIX DE FER(Via Glandon) – ALPE D’HUEZ (55 km) 1500 m.
O segundo dia de treinamento, saímos da cidade de Grenoble, e andamos de carro aproximadamente 80 Km, até chegar no alto do Col du Glandon.
O trajeto escolhido seria uma pequena subida inicial somente para conhecer a tão famosa Croix de Fer, e depois descer a montanha completa rumo ao mítico Alpe D’Huez.

Subindo a Col de La Croix de Fer: A parte que subi, foi somente com 3 Km, e 275 m acumulados de ascensão, foi apenas um aquecimento para a descida. A subida é curta, porem muito agressiva, terminando em seu ponto máximo a 2067 m de altitude em relação ao nível do mar.
-3 km de climb, 14 min. de duração em uma velocidade média de 10,7 km/h.

Descida da Croix de Fer (Via Glandon) até a cidade de Le Borg d’Oisans:
A descida da Col de la Croix de Fer é bem técnica, pois em sua grande parte é feita via Col du Glandon, e não é somente descer, existem duas pequenas “subidas” no meio da descida, aproximadamente 21 km de extensão descendo, sendo que entre eles são 2 km de subidas.
A estrada é marcada por 2 represas que existem, uma ao alto na Barragem du Grand Maison, e a outra mais em sua “base” na vila de Allemond, a Barrage du Verney.
Ao longo da descida é possível ver a água de desgelo, descendo em lindas cachoeiras e riachos, essa sem dúvida foi a montanha de maior “beleza” que presenciei nos Alpes. Ela é pura vida. É outro lugar que ainda quero voltar para poder escalar, pois dessa vez eu somente desci, mas subindo é insanamente BRUTAL!
Dados da descida da Croix de Fer (Via Glandon):
-Saindo de 2067 m de altitude e terminado em 800 m (em relação ao Nível do Mar);
-38 km de distância em uma média horária de 30 km/h;
-Tempo da descida até Le Borg d’Oisans: 1h19;
-Temperatura: 22 graus.
Após o término da descida, era hora de hidratação, carboidratos em gel e preparar psicologicamente para começar a subida mais dura do dia, o mítico Alpe D’Huez.
Parei para encher as “caramanholas” ou garrafas de água em uma “bica” natural, água de desgelo das montanhas, show!

A terceira parte do dia e última, seria a escalada do Mítico Alpe D’Huez, mas antes vale mencionar o porque de ele ser considerado tão “Mítico”.
O Alpe D’Huez é uma estação de ski, uma das mais famosas, se não a mais famosa dos Alpes, atrai gente de todo o mundo em todas as estações do ano, mas para o ciclismo ela tem uma atenção especial, ela é incrivelmente DURA, é difícil explicar o quanto é difícil escalá-la. Foi ali, onde passei, que vários TOUR DE FRANCE foram decididos, os anos de 2013 e 2015 terminaram ali, com mais de 500 mil pessoas ao longo dos 13 km da montanha, foi ali também, que vimos duelos históricos de lendas do ciclismo como Armstrong, Pantani, Endurain e etc.
Eu precisava passar por ali, e escalar e sofrer nos 21 lacets, que a montanha possui, lacets é a quantidade de curvas acentuadas que a montanha tem, fazendo um “zig zag” até o cume!

Tive a sorte, de dentro do avião na ida para Milão, de passarmos pela região dos alpes, fiquei atento e consegui essa foto única, tirar a foto do Alpe D’Huez. Que dois dias depois teria a oportunidade de escalar! Foi demais isso.
A subida do Alpe D’Huez:
A montanha em si, não tem uma quilometragem muito elevada, são 13 km, porém ela tem incríveis 8,1% de inclinação, é realmente uma “parede”.
Os 3 primeiros Km, são os mais duros da montanha, com mais de 10% de inclinação, ela já começa a desestabilizar mentalmente, além de começar a sentir o ácido lático queimando as pernas.

A medida que ia subindo, o corpo ia sentindo ainda mais, meu condicionamento não estava 100%, e com dois dias de treinos o corpo realmente iria sentir, ainda mais ali, uma das montanhas mais difíceis do mundo.
Comecei a “tomar pernada” de todo mundo, ou seja, todos me passavam, já havia chegado no limite, e ainda restava metade da montanha, porém não iria desistir tão fácil.
Dei uma parada rápida para pegar água, não existia mais bebedouros, porém a água descia a todo momento da montanha, caindo pelas vielas, foi só esticar o braço e encher as garrafas diretamente da queda d’água.
Hidratado e renovado, faltavam apenas 6 km, foi aí que meu amigo Tio Ber, que havia me deixado lá no alto da Croix de Fer, passou subindo de carro, nosso encontro estava marcado ao alto da montanha, ele ainda deu uma força! “Boraaaaa falta só 6, ta chegando… Brutoooo”.
Mas não era simples assim, eu ia contando por cada lacet, dos 21 no total e ainda faltavam vários.
Fui tocando da maneira mais suave possível, não estava preocupado com tempo, com média horária muito menos com performance, meu intuito era somente terminar a escalada.
A poucos metros da chegada, vi meu amigo Tio Ber, descendo a pé, e gritando: “Bora rapaz ta acabando!!!”. Eu estava aniquilado, morto, com aquele tipo de pensamento que você pensa em tudo e nada ao mesmo tempo.
Foi aí que ele me presenteou com uma das melhores e mais bonitas fotos que tenho.

E assim terminava a escalada e o treino do segundo dia. Foi brutal. Feliz demais por conhecer e conseguir vencer tal montanha, é realmente uma experiência única. Pretendo um dia voltar a subí-la, mas com um condicionamento melhor, para poder lançar “ataques”e ter um desempenho melhor. Mas foi tudo perfeito.

Dados da subida do Alpe D’Huez:
-13 km de Climb, 7,6 km/h de média horária;
-1h40 de escalada;
-1100 m acumulados de ascensão;
-Chegada a 1850 m de altitude;
-Ritmo cardíaco médio: 160 Bpm;
-Temperatura: 30 graus.
