DIA 3: MONT VENTOUX (Via Bédoin) (20 km) 1900 m.
No terceiro dia de viagem, e último dia de Tour, saímos de Grenoble e fomos até Marselle, região da Riviera Francesa. No caminho desviamos cerca de 50 km para irmos conhecer o famoso Mont Ventoux. Ele não se localiza em nenhuma região montanhosa, como os Alpes ou Pirineus, é uma montanha mais solitária, porém chega a quase 2 mil metros de altitude.
A cidade de Bédoin é um pequeno vilarejo, porém bem estruturada, chegamos e passamos por ela rapidamente e já caminhamos para a subida do Mont Ventoux.
Com três dias de treinos, o corpo já não respondia mais, estava exausto, e confesso que seria uma loucura tentar subir a montanha completa, até nosso tempo estava curto, então resolvemos subir de carro até o Chalet Reynard, e ai sim, os últimos 6 km da montanha eu faria com a bicicleta.
A montanha é espetacular. Totalmente diferente das outras que vimos nos Alpes, ela tem em sua base, vários pontos onde o pessoal fazem acampamentos, e vão curtir os dias de verão, é extremamente dura, muito inclinada.
Os 6 km que subi, foram bastante difíceis, até pela altitude que ela se concentra. Não senti tanto até porque foram poucos km de escalada, mas o respeito era enorme pelos companheiros que ali estavam, subindo sem fingir desde o início.
Pode-se notar a diferença dessa montanha com as outras, essa única e exclusiva é composta somente por pedras, com uma colocação clara, é totalmente diferente das que havia escalado até então.
Essa montanha tem outra particularidade, ali se encontra um memorial ao ciclista Tom Simpson, um profissional que disputava o Tour de France de 1967, ele chegou a óbito justamente naquele local, devido a quantidade de esforço que fizera durante a escalada, com isso não resta dúvidas de que realmente devemos respeitar os limites do nosso corpo, tanto como respeitar o quanto a subida é dura.
Pude reparar também, que todos que passavam por ali, prestavam sua homenagem a Tom, uns deixavam garrafas de água, outros pneus, outros câmara de ar, flores entre outros, tudo em respeito e solidariedade com o que aconteceu, e o mais legal é que isso dura quase 50 anos. Realmente o que presenciei ali são momentos únicos.
Quando cheguei ao cume, pude sentir uma diferença drástica no clima, estava em um dia ensolarado, e em menos de meia hora, a temperatura caiu drásticamente e com rajadas de ventos muito fortes, tão fortes que quando desci da bike no final da subida, a bicicleta sem o peso do meu corpo, o vento levava, se eu não a segurasse ela sairia voando tranquilamente.
Nem pude aproveitar muito o momento, devido ao frio e vento, foi só tirar uma foto mesmo, e iniciar a descida. Até porque já estávamos atrasados, ainda tínhamos muita viagem pela frente até Marselle.
Dados da subida do Monte Ventoux – Com partida do Chalet Reynard:
-6 km de subida em 40 min. – Média de 9,2 km/h;
-14 graus de temperatura;
-160 Bpm de frequência cardíaca média;
-500 m acumulados de ascensão;
-1912 m de altimetria do Mont Ventoux;
Assim terminava meu ‘Tour” de 2015 pela Europa, mais uma vez, experiências incríveis com lugares fantásticos, valeu cada gota de suor, e a vontade de voltar e conhecer novos lugares continua mais viva do que nunca. Que venha logo novas oportunidades!